Por que é importante atualizar sua versão do Java?
Manter sua aplicação ou ambiente de desenvolvimento sempre na versão mais recente do Java não é apenas uma boa prática, mas também um grande passo para garantir segurança, performance e acesso às funcionalidades mais avançadas da linguagem. Se você ainda está utilizando o Java 8 ou qualquer versão intermediária, este post explica por que você deve considerar migrar para o Java 21, a versão mais recente com suporte de longo prazo (LTS – Long-Term Support).
1. Segurança reforçada
Correções de vulnerabilidades Uma das razões mais importantes para manter o Java atualizado é a segurança. Cada versão posterior do Java inclui correções para vulnerabilidades conhecidas, bem como melhorias em protocolos de criptografia e verificação de código. Isso é fundamental para proteger sua aplicação contra ataques que exploram brechas de versões antigas.
Suporte a algoritmos modernos A criptografia evolui constantemente para se manter à frente de possíveis ameaças. Versões mais recentes do Java trazem suporte ampliado a algoritmos modernos de criptografia e protocolos de segurança, oferecendo maior tranquilidade para aplicações que lidam com dados sensíveis ou que processam pagamentos e informações de clientes.
2. Performance e eficiência
Novos Garbage Collectors (GCs) e melhorias no JDK 21 A cada versão, a Java Virtual Machine recebe ajustes e otimizações que resultam em melhor uso de recursos do sistema, seja em servidores físicos, containers ou ambientes em nuvem. No JDK 21, G1 e ZGC se beneficiaram de várias otimizações que trazem melhorias de desempenho e redução de pausas (latência).
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G1 aprimorado: Segundo Karlsson, o G1 ganhou melhorias em áreas como processamento paralelo de referências e ajuste fino na coleta, resultando em throughput até 40% maior e uma latência 100% menor em diversos cenários de testes, em comparação com versões anteriores como do JDK 8.
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ZGC: O Z Garbage Collector continua evoluindo, e essas melhorias têm se traduzido em ganhos de performance e menor sobrecarga de CPU, deixando as aplicações mais responsivas.
Essas mudanças refletem o compromisso constante da comunidade e da Oracle em otimizar o gerenciamento de memória e melhorar a experiência do desenvolvedor e do usuário final.
3. Novas funcionalidades da linguagem
Além de melhorias “debaixo do capô”, o Java passou por diversas adições de recursos que tornam o código mais limpo, expressivo e fácil de manter. Confira os posts do blog referente a novas funcionalidades do Java ao longo das versões.
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Local Variable Type Inference: Permite declarar variáveis locais sem especificar explicitamente o tipo, deixando o código mais enxuto e legível.
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Text Blocks: Permitem escrever textos multilinha sem precisar concatenar strings manualmente ou usar escapes excessivos de caracteres especiais.
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Switch Expressions: Tornam a sintaxe do switch mais concisa e poderosa, permitindo atribuir resultados diretamente a variáveis.
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Records: Uma forma simplificada de criar classes imutáveis que são focadas em armazenar dados. Reduz boilerplate code e facilita a manutenção.
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Pattern Matching: Simplifica a verificação de tipos e a extração de valores de objetos, reduzindo casts explícitos e tornando o código mais claro.
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Sealed Classes: Permitem controlar de forma explícita quais classes podem estender ou implementar uma classe ou interface, trazendo maior segurança e previsibilidade à hierarquia de classes.
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Virtual Threads: Parte do Projeto Loom, possibilitam a criação de threads leves e escaláveis, permitindo gerenciar simultaneamente milhares (ou até milhões) de conexões sem o custo de threads convencionais. Essa abordagem visa facilitar o desenvolvimento de aplicações altamente concorrentes e responsivas, simplificando a vida do desenvolvedor.
4. Migração do javax para o jakarta.*
Para quem desenvolve aplicações enterprise com Java EE, um ponto importante é a mudança de pacote de javax.* para jakarta.*, oficializada a partir do Jakarta EE 9. Essa evolução representa a transição da tecnologia Java EE, que estava sob a Oracle, para a Eclipse Foundation. Alguns pontos de atenção:
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Mudança de pacotes: Todo o namespace
agora éjavax.
, o que exige atualização dos imports e possíveis ajustes de configurações.jakarta.
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Compatibilidade: Muitos servidores de aplicação (ex: Payara, WildFly, Tomcat, etc.) oferecem caminhos de compatibilidade para facilitar a migração, mas é preciso atenção a bibliotecas que ainda não foram adequadas.
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Futuro da plataforma: A adoção do Jakarta EE abre portas para inovações mais rápidas, pois agora a comunidade tem maior liberdade para evoluir a especificação. Novos recursos e padrões podem surgir mais facilmente nos próximos anos.
5. Features experimentais
Alguns recursos do Java são introduzidos como preview (ou seja, experimentais) antes de se tornarem estáveis em versões futuras. Exemplos incluem switch expressions, records, sealed classes e pattern matching quando foram lançados inicialmente. Aqui estão alguns pontos de cautela:
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Alterações e quebras: Recursos em preview podem mudar de uma versão para outra ou até serem removidos. Isso pode causar quebras de compatibilidade no seu código.
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Suporte limitado: Ferramentas de build, IDEs e bibliotecas de terceiros podem oferecer suporte limitado ou incompleto para features experimentais.
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Adoção em produção: Se a sua aplicação é de missão crítica, avalie cuidadosamente o risco de utilizar funcionalidades que ainda não estejam 100% consolidadas. Considere ambientes de staging e homologação para testes extensivos antes de levar o recurso para produção.
Apesar dos riscos, usar preview features pode ser uma ótima forma de se antecipar às novidades e preparar sua base de código para as versões futuras do Java. Apenas certifique-se de ter um plano de contingência caso haja mudanças substanciais entre as releases.
6. Suporte de longo prazo e comunidade
O Java é mantido por uma comunidade ativa, além de grandes empresas e developers independentes que trabalham para aperfeiçoar a linguagem e a plataforma. Ter uma versão LTS (como é o caso do Java 21) garante:
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Atualizações regulares de segurança
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Correções de bugs críticas
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Estabilidade garantida por vários anos
Isso é especialmente importante para empresas que precisam de previsibilidade e suporte estendido em suas aplicações de missão crítica.
7. Como planejar a migração
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Analise seus projetos: Verifique quais dependências podem precisar de atualizações ou substituições para funcionarem em versões mais recentes do Java. Se você usa Java EE, avalie a migração para Jakarta EE a fim de evitar problemas de compatibilidade futura.
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Teste em ambiente de desenvolvimento: Faça uma prova de conceito em um ambiente controlado, garantindo que nenhuma funcionalidade quebre ao migrar para a nova versão do Java ou do Jakarta EE.
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Aproveite as novas features: Comece a refatorar gradualmente partes do código para usufruir de records, virtual threads, pattern matching e outras novidades que deixam o código mais enxuto e sustentável. Lembre-se de acessar os posts sobre novas features para guias e exemplos adicionais.
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Fique atento às melhorias de GC: Como mencionado por Karlsson, as versões mais recentes do Java trazem ganhos significativos de performance e redução de pausas, especialmente no G1 e ZGC. Isso pode impactar positivamente o desempenho das suas aplicações em produção.
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Estude a documentação oficial: A Oracle e outras distribuições de OpenJDK mantêm guias de migração que listam incompatibilidades, recursos deprecated e outras considerações importantes para uma transição tranquila.
Conclusão
Migrar do Java 8 (ou de qualquer versão antiga) para o Java 21 e atualizar seu stack para a nova especificação Jakarta EE traz benefícios claros: sua aplicação ganha em segurança, performance e passa a utilizar recursos modernos da linguagem e da plataforma que facilitam o desenvolvimento e a manutenção do código. Além de tudo, você conta com o respaldo de uma versão LTS que continuará recebendo atualizações por um longo período.